Você é forte?
“O sábio escala a cidade dos valentes e derriba a fortaleza em que ela confia.” (Pv 21.22)
A sabedoria pode ser melhor do que a força.
Na guerra a coragem é uma virtude importantíssima. Somado à ela, a força é como ser um tanque de guerra
contra o inimigo. Porém, um tanque de guerra mal operado pode virar-se contra o próprio exército. Um míssil mal
calculado pode matar inocentes.
Enfim, coragem e força são essenciais para se vencer uma guerra. Mas, do que adianta mesmo a força de
um cavalo se até uma criancinha o pode conduzir para onde quiser (Sl 147.10-12)?
Parece, então, que a sabedoria é aquela dádiva de Deus que se mostra somente depois que a guerra acaba,
né? Só quando o guerreiro volta vitorioso é que a coragem e a força serão percebidas se úteis ou não. Se uma “mulher
sábia” é capaz de edificar a sua casa, imagine a mulher tola tendo força e coragem em suas mãos, mas sem
discernimento (Pv 14.1, 24.3-6)! Destrói o mundo.
Ora, força e coragem sem sabedoria podem ser perigosas. Do que adiantou a força e a coragem de Sansão,
se não foi sábio em guardar o Conselhos Divino?
1 E o tamanho e destreza do grande Golias, se desprezou o temor
do Senhor (1Sm 17. 41ss)?
A guerra exige mais do que força e coragem; exige planejamento, sabedoria (cf. 2 Sm 20.16-22; Ec 10.10). O
autor deste livro afirma que a ação inteligente é mais forte do que qualquer lugar seguro.
Sei que muitas vezes passamos por situações na vida em que desejamos ser mais fortes e corajosos. Mas,
nem tudo exige essas duas virtudes. Boa parte dos desafios na vida não nos cobram força, mas certa sabedoria para
desatar-lhes os nós (E, às vezes, os fazer!). São como aquelas sacolinhas de supermercados: se colocarmos força, o
nó aperta e ela estica ou arrebenta. Mas, se com paciência, enrolamos, torcemos-lhes as alças e as enfiamos caminho
de volta, logo o nó se afrouxa e já pode ser usada.
Não é uma questão de escolher entre força, coragem ou sabedoria. Nas Escrituras, Sabedoria não é uma
opção a ser escolhida- é tanto o modo para a vida feliz2
, quanto a Pessoa Feliz (Pv 2. 4-6; 8.22-31, 35).
Talvez, não te falte força nem coragem para lutar; te falte a sabedoria proveniente de Deus (Tg1.5).
Observe a força que devota para conquistar o que deseja. Talvez, a fechadura dessa porta só precisa de
jeitinho, e não de força (Pv 14.16). Você também pode rever esse “monte de coisas” que te exigem coragem o tempo
todo. Ora, se você precisa ter muita coragem para as enfrentar, significa que elas te causam um medo maior ou igual
à ela, né? Talvez, se conseguisse só um pouquinho de sabedoria, veria que os demônios são sombras do pianista.
Ouça a música!3
Mas, a sabedoria sempre tem a forma certa para abrir a porta emperrada, e a visão exata do tamanho do
“monte de coisas” que nos causam medo. E o melhor: na guerra, até o mais fraco dos soldados, se sábio, pode voltar
honrado para casa. Porém, o que se pode dizer dos fortes e corajosos que, seguros, aceitam qualquer batalha,
despendendo nela todo o suor do seu rosto sem saborear o pão da vitória (Gn 3.19; Pv 24. 5-7; Lc 14.31)?
Não poderia vencer a batalha, muitas vezes, sem tanto cansaço (1 Sm 17.41-53; Sl 32.9; 33.17; Pv 16.21-24;
Ec 9.11)?
A força e a coragem podem ser cansativas ou até mesmo inúteis sem a sabedoria.
Eliandro Cordeiro
Maringá, 28 nov, 2024.
Preciso ser mais sábio (Já que forte não sou mesmo!).
1Não me proponho aqui explorar a questão teológica da figura deste homem no livro de Juízes. Apenas esboçar que a sua força e coragem
pouco lhes serviram para livrar da morte. Como Deus faz com as fraquezas e pecados dos homens atingirem O Seu Propósito nos é misterioso.
Só Ele encontra nas lamas do rio sujo de nossas almas o tesouro da fé (Jz 13-16; Hb 11.32). Somente o sangue de Cristo é capaz de limpar da
peneira da ira divina as impurezas e ressaltar o ouro submerso em lama (1Pe 1.7).
2 Quem procura ter sabedoria ama a sua vida, e quem age com inteligência encontra a felicidade (Pv 19.8).
3 A. Schweitzer (1875-1975), teólogo e médico, conta que em sua infância via o diabo na igreja sempre que o seu pai (pastor) tocava o piano.
Era-lhe apavorante este momento do culto. Certo dia, com um pouco mais de acuidade, descobriu que os do diabo eram, na verdade, apenas
as sombra das pontas do fraque que o pai usava.