Andanças Ansiosas
Quatro perguntas para corações inquietos à luz de Filipenses 4:4–7
(Ou para quem tem paciência de lê-las!)
Devocional em Filipenses 4.4-7.
Você já viu gente ansiosa ficar quieta, paradinha? Alma ansiosa não sossega. A mente não descansa e o
coração acelera… A ideia é de andança na esperança de encontrar um lugar onde repousar.
A ansiedade é como pés inquietos que acreditam que, ao baterem no chão e levantarem poeira, o
medo fugirá — como se fosse o cachorro caramelo. Mas, como se sabe, o Caramelo é terrível!
Paulo, mesmo preso, sofrendo com fofocas e desconsiderado por muitos, parece saber bem o que é ter a
mente tranquila e o coração batendo no ritmo certo. Ele dá ordens aos irmãos de Filipos para que, se obedecidas
superariam a ansiedade.
E por que não aprendê-las e descansar dessas nossas andanças mentais e cardíacas que, literalmente, não
nos levam a lugar algum?
Quatro perguntas que respondem as almas inquietas pela ansiedade:
1- As petições dos crentes devem ser sempre conhecidas. Por quem? (6a):
Por Deus. Os homens as podem conhecer? Sim. Mas o que esperar desses? Que eles ouçam algumas, uma por uma,
mas não todas! Eles não conseguem carregar todas.
Você pode estar deixando conhecidas as suas necessidades à pessoa errada. Pedro fala o mesmo que Paulo.
Porém, ele não diz “sejam conhecidas”; antes “lancemos sobre Deus” (I Pe. 5.7). Paulo diz “apresenta”, enquanto
Pedro diz “joga”, “lança”.
A diferença é que, enquanto Paulo fala daquilo que lhe rouba a paz, Pedro nos fala daquilo que nos torna
orgulhosos, egoístas. Observe que um coração ansioso pode ser muito devoto de si mesmo, excessivamente
preocupado com as suas necessidades (5.7a).
Em Pedro, a ansiedade é uma carga. E só Deus a pode carregar (cf.Pv.3.34). Em Paulo, a ansiedade se parece
com um tormento, um inimigo que fica lançando flechas em nossas mentes e corações. E só Deus nos pode proteger.
2- Por quais meios? (6b): (a) Oração; (b) Súplicas.
O que teoricamente é simples, na prática é bem difícil. Oramos menos do que queremos e infinitamente
menos do que precisamos. Então, desabafamos os medos à pessoas com as quais mais nos relacionamos.
Por si só, isso já nos fala da dificuldade em orar, não? É mais fácil confiar em pessoas cuja dificuldades
compartilhamos do que Naquele cuja dificuldade não existe.
Você pode estar deixando diante de Deus as suas necessidades com os meios errados. Paulo distingue oração
e súplica para mostrar que, embora toda súplica seja uma forma de oração, nem toda oração é súplica.
A oração envolve comunhão com Deus — inclui louvor, gratidão, confissão e intercessão. Já a súplica é mais
específica: é o clamor humilde e insistente de quem reconhece sua total dependência e necessidade diante de Deus.
3- Como as petições de um ansioso devem ser conhecidas? Com ações de graças (6c).
O que Paulo pede é difícil a uma alma ansiosa? Aos pezinhos nervosos? Talvez. Contudo, cabe aos “pezinhos
stimmings” saber que Deus não controla apenas o futuro, mas até mesmo aquele momento diante Dele.
A oração ansiosa pode encontrar, na paciência de Deus, o descanso confiante. Pois só a confiança é capaz de se
alegrar antes que se encerre a tristeza do coração ou que a mente se convença ter recebido aquilo que pediu a Deus.
Difícil alegria sem fé. É igualmente difícil ação de graça sem alegria. Como afirmou K. Barth, “A alegria é a
forma mais simples de gratidão.”
4- O que esperar da petição dirigida a Deus? (7).
O que o ansioso espera mesmo (Se é que esperar seja o verbo correto!) é a paz do coração. Coração em paz
é mente calma.
Mais do que uma resposta rápida à súplica que brotou da angústia do momento – é a paz que dirige cada
palavra do coração à mente e esta a Deus.
4.1 Como se caracteriza um ansioso?
(a) A mente desprotegida; A mente ansiosa não descansa. Paulo ilustra a intranquilidade do ansioso na figura dos
pés inquietos: “…não andeis ansiosos.” A mente está cheia de pensamentos desordenados.
(b) O coração desprotegido; o coração ansioso não bate no ritmo certo; bate descompassado, acelerado. Ou até
mesmo bem devagar. Ele está sempre em alerta para fuga ou para o ataque. Daí às vezes a irritabilidade.
O corpo pode estar petrificado pelo medo do amanhã. Pés e pernas parados, mas o coração e a mente já
voaram por vários lugares, já bateram muitas portas…
4.2 O que Deus diz que fará? Protegerá coração e mente. Ambos cansados e desprotegidos anseiam pela paz de Deus.
De imediato o apóstolo diz que Deus não deu nenhuma outra coisa ao crente, exceto a paz. A necessidade
mais imediata que o crente não pode comprar ou receber de qualquer pessoa, mas unicamente de Deus.
Quando o coração e a mente descansam na paz de Deus, o que Deus lhe der, ou seja qual for a resposta ao
que pediu, descansarão.
Ora, talvez a casa própria, um carro melhor, um trabalho legal etc podem te ajudar a relaxar. Contudo, você
pode andar pela casa própria ou de carro novo com a cabeça nas nuvens. Pode ganhar melhor no trabalho, mas com
medo de não ter saúde ou pagar as contas no fim do mês.
Então, para o coração e a mente, o que o ansioso precisa é da Paz de Deus.
Eliandro Cordeiro
Maringá, 20, ago. 2025.
Se você chegou até aqui, parabéns — já venceu uma batalha contra a ansiedade.
E se leu pulando trechos, tudo bem também. Não vou ficar triste.
Você bem que poderia, então, orar — ainda que seja da forma como leu esta devocional.
Melhor estar ajoelhado, pezinhos ‘stimmings’ diante de Deus, do que andando ansioso com a cabeça pesada e o
coração acelerado.
Paulo não nos ordena ir a Deus depois da crise de ansiedade, mas durante, antes e depois. Paulo diz para
apresentar a Deus toda a nossa ansiedade. Então…
“Ansiedade, este é o Deus da Paz.
Senhor, esta é a… ops!
Cadê ela?