O peixinho guloso
“Vai ao mar, lança a linha e abre a boca do primeiro peixe que apanhares. Encontrarás uma moeda que vale o bastante para pagar o imposto por ambos; leva-a e paga-lhes.” (Mt 17.27)
Um erro na vida de um peixinho guloso é a providência de Cristo na vida de Pedro. Nada sabemos sobre o agir de Deus. Como Ele se utiliza do bem, sabemos pouco. Contudo, como Ele é o Summum Bonum, descansamos,
inferimos o que Suas mãos farão. Mas, e quanto às bênçãos provenientes do mal (Gn50.20; Rm 8.28)? O erro que
vira acerto, o terrível e infeliz pecado que se transforma em salvação (Gn 3.15; Jn 1.15,16)? O mistério vivenciado
nos infla de fé e espanto. Mas nos alerta que o peixinho morreu ‘entalado’, fascinado – provavelmente pelo brilho
do vil metal no fundo do mar.
Ora, o brilho diferente por aquelas bandas é bem mais legal do que uma minhoca. O peixinho pensou que só
ele foi esperto o suficiente para encontrar aquele tesouro inútil no Mar da Galileia (Sl 62.10,11; Pv 3.7,8; 9.17)! E o
que leva o animal, com um objeto estranho no estômago, ainda ter o apetite para mais uma ‘beliscada’?
E nem sei explicar se o bichinho foi obediente ao engolir a moedinha ou não (Eu não conheço os mistérios
do Oceano). Só penso aqui por evidências.
Quem já teve aquário em casa e criou um Oscar – espécie de peixe ornamental – sabe do que falo. O que
poderia ter parecido uma providência para o peixinho guloso era só uma armadilha. O abençoado foi Pedro que
obedeceu à voz do seu Senhor. Ele nem questionou: “Senhor, peixes não engolem moedas. Não é melhor levar
minhocas?”
Pedro não sabia, mas a fé sussurrou-lhe aos ouvidos: “Ele sabe tudo o que tem no fundo do Mar, o qual dele
você só conhece (‘exaustivamente bem’) a superfície.”
Você já cantou essa música infantil?
“Deus criou os peixes, para o rio e o mar
Deus criou os peixes, todos a nadar
Quando brincam um é pequenino, o outro é bem grandão
Um é bem magrinho e o outro é gorduchão
Quando brincam n’água até o fundo vão
Vejam como brincam, bem cuidado eles estão”
O peixinho guloso foi visto pela última vez no ensaio deste coral. Línguas maldosas do cardume dão-nos
conta que ele fugiu com o dinheiro do grupo. Viram a moeda em sua boca.
Eliandro Cordeiro
Maringá, 15, ago. 2025.