TDAH da alma
Um diagnóstico de Cristo ao presente momento.
Devocional em Lucas 10.38-42
Marta tem TDAH + A. Ou seja: Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade Anímico (inventei!).
Ela não para. E, quando para, pezinhos batem o tempo todo, a mente voa, os pensamentos se embolam
como linha de pipa na mão da molecada. Marta ouve Jesus enquanto pensa se tem farinha na lata ou se Lázaro vai
comprar. “Lázaro tá numa preguiça…” – Marta pensa tudo num só momento: Jesus, Maria… pia cheia de louças…
Quero que entenda que este diagnóstico não é sobre distração comum, mas sobre uma inquietação
espiritual, uma urgência que nos rouba o essencial. É como se o coração estivesse sempre em hiperatividade,
pulando de tarefa em tarefa, sem conseguir se aquietar para o que realmente importa. Lucas nos põe à janela da
casa dessas mulheres no dia da visita do Mestre. Depois nos faz enxergar o que acontece: “Olhem como é a vida da
gente. Marta não para nem quando Deus vem ‘tomar café’!” Todos do lado de fora nos calamos.
Ao olhar pela janela da casa desses amigos do Senhor, o que há lá dentro dela que é diferente da minha
casa? Quem ali tem TDAH na alma, hein? Hummmm… Será que aquilo que me irrita, que chamo de vagareza ou
movimento de lesma não é, na verdade, como as coisas devem ser?
Li certa feita que o colibri tem de beber muito néctar para não morrer. Ele é tão agitado que o açúcar extraído
das flores é consumido rápido pelo corpinho alado. Se ele parar, morre. Mas, eu não sou beija-flor… Maria nos alerta
para essa agitação, enquanto Marta se incomoda com a “calma” da irmã.
O que incomoda Marta quando o momento pedia a tranquilidade de Maria? A serenidade alheia às vezes
incomoda e causa reações emocionais adversas. Para alguns, a sofreguidão incomoda mais do que o frenesi, o vai e
vem do outro. Se nos colocarmos na casa dos amigos de Jesus e víssemos a cena, talvez nos uniríamos a Marta.
Contudo, como ela, perderíamos também o momento, tentando ganhar tempo.
O que Lucas escreveu é como se o texto segredasse aos nossos ouvidos: “Com os muitos serviços, colocamos
urgência em tudo e perdemos o necessário.”
O que eu vejo da janela de Lucas que me ensina a lidar com o TDAH da minha alma? Posso compartilhar com
você, caso tenha um tempinho.
1- É necessário entender o que momento exige (40, 41): muitos serviços + muitas coisas = preocupação. O
momento raramente vai te apresentar várias coisas. Por exemplo, todos os dias às 12:30, o dia já te ofereceu doze
horas e trinta minutos – e não mais do que isso. Você nunca experimentará no mesmo momento viver doze horas e
quarenta e cinco minutos.
Parece óbvio, não? Mas, por que corremos contra o tempo: para ganha-lo o perde-lo? O que essa analogia
significa? O tempo é linear, mas nossa ansiedade tenta dobrá-lo, esticá-lo, multiplicá-lo. E nessa tentativa de “ganhar
tempo”, acabamos perdendo o que ele nos oferece: presença, profundidade, escolha consciente.
Não se esqueça que o passado é uma boa invenção e o futuro uma esperança que lida com a imaginação.
2- Dar prioridade à prioridade: correr por uma só coisa de cada vez: O que tenho para o momento? Para onde
cresço? Posso parar e ouvir? O bolo não vai queimar? A visita não vai falar mal quando for embora? Não tirei cutícula.
Marta não estava errada. O trabalho é importante. O serviço a Cristo é importante. Porém, o momento era
parar tudo, se sentar aos pés de Cristo e aprender dele. O serviço é bom, mas há horas em que o melhor é parar.
Mas, se a gente para, a gente se considera vivo? A gente se aconchega bem pertinho de Cristo e o ouvimos
com a paciência de Maria? Eu não me surpreenderia com a minha, não só impaciência, mas, incredulidade e
ansiedade?
3- A satisfação com a escolha dentre escolhas (42): Maria não escolheu por escolher, mas acertou na melhor
parte.
Aprender com Cristo é sempre a melhor parte das coisas nesta vida. Jesus parecia estar mais interessado
que Marta fizesse como Maria do que se o “bolinho de chuva” estava cru.
Ouvi uma das últimas entrevistas que Jô Soares cedeu. Contou a experiência do seu filho, Rafael Soares,
numa livraria da Avenida Paulista. Ele teria de escolher, de doze livros, apenas dois. Ao que, com tristeza, respondeu
ao pai: “Pai, se eu escolher dois, estou negando os outros dez. Eu prefiro não escolher.”
A alma está num TDAH de colibri: asinhas a mil e o estômago não sossega? Talvez você queira viver com a
mesma tranquilidade que Maria. A questão não é deixar de ser Marta, mas, aprender com Maria.
Então, eu te incentivo a aplicar esses cinco princípios para a tua vida:
1- Faça uma pergunta que deveria ser diária: “O que tenho para o momento?” — isso é sabedoria prática. Não
se trata de fazer menos, mas de fazer o que importa.
2- Reeduque a tua mente. Entenda que nem sempre escolher é perder. Às vezes, a dor pós-escolha é apenas
uma forma equivocada de considerar aquilo que mantivemos em nossas mãos. Aproveite-o. Não se pode ter todas
as coisas, mas ter a coisa toda, sim. Maria não evitou a perda (como o filho do Jô), mas abraçou o ganho.
3- Não confunda o cansaço legítimo do trabalho com a agitação da mente (v40). Trabalho cansa, mas, a mente
agitada cansa até na hora do descanso.
4- Fuja do “modo colibri”. O passarinho é lindinho, pequenininho e o único passarinho que para no ar e voa de
ré. Contudo, precisa estar em constante movimento. O coração do beija – flor mal pulsa – é como uma mangueira
por onde a água apenas flui, sem retenção. Tampouco morrerão se comerem mais devagar e pousarem os pés no
chão. Voar é para pássaros. Comer enquanto voa, só colibri (Tadinho!).
5- Não se esqueça da receita médica: Todos os dias tomar, mais ou menos, 30 minutos (gotinhas) de oração e
leitura bíblica. Atenção: o excesso na dosagem não é contraindicado. Em pelo menos, 2000 anos de história desta
indústria farmacêutica, nunca houve relatos de pacientes em sofrimento por super-dosagem para com essa
composição.
Eliandro Cordeiro
Maringá, 11 de set. 2025.
Dizem que esse psiquiatra é bom, mas suspeito de consultas gratuitas.
Tem gente que depois que volta dele fica fanática.
Essa gente perde domingos, as ‘manguaças’ … Perde o tempo precioso.
Ela nem sempre faz plantões – perde dinheiro e raramente assiste o Fantástico.
O que esse pessoal toma para ficar assim? Duvido das receitas gratuitas. Duvido de tudo que é de graça. Vida chata! Como essa gente consegue tanto tempo? Maria, por exemplo, lê um livro e ainda faz bolo todos os dias. Como esse tal psiquiatra vive se trabalha tanto? Já deve ser rico; só pode.
Eu desconfio de gente muito boazinha…
Duvido se Ele realmente pode ser chamado a qualquer horário e lugar – Deve ser mal-humorado.
O que é que Maria anda tomando…1
Problema dela!
Eu é que não perco tempo.