WatsApp, memes, mensagens e presença
“… prostrando-se aos pés de Jesus lhe suplicou que chegasse até a sua casa…” “Enquanto ele ia…” “Tendo chegado
à casa…” (Lc 8.41,42,51).
As ferramentas tecnológicas são uma bênção, mas têm limites. WatsApp, mensagens, memes e outros meios,
são bênçãos tecnológicas que Deus nos deu a fim de encurtar distâncias, fazer amizades e matar saudades. A
tecnologia resolve muitos problemas. Mas não substitui plenamente afetos em sua profundidade. Além disso,
também pode distanciar pessoas (cria cada problema quando a mensagem vai para a pessoa errada…). Seja como
for, por maior que seja a bênção em se ter um celular multifuncional e a hiperconectividade, nem sempre superará
o calor humano da presença física.1 Jesus é aquele que entendia o significado da presença física. Os Evangelhos dizem que o Senhor visitou 12 casas – Casas de “pecadores”, doentes, desprezados, rejeitados – Inclusive aos sábados. Ele ia à casa, tocava e era tocado, falava, via, abraçava, pegava no colo… O Senhor entendia o valor da presença física, principalmente em momentos de dor.
Longe de fazer um anacronismo, Jesus ia – não mandava mensagem. E, se porventura, te ocorreu na mente
a cura do servo do centurião (Mt 8.5-13), há todo um contexto que implica tal palavra que curou o rapaz lá longe, na
casa do oficial. Jesus fazia questão de estar presente e não terceirizava o calor humano.
A menos que você tenha o mesmo poder que o Salvador, deverá entender o limite de muitas conversas,
palavras e meios de comunicação usados com tecnologia. Duvido muito que Jesus mandaria um ‘watts’ para a sogra
de Pedro (Mc 1.29-45). “Maria, perdi o contato da Marta. A mulher não para, Maria! Por favor, avise-a que vou me
atrasar, propositalmente, por mais dois dias, tá? Não se preocupem.” E, já adianto aos engraçadinhos que estão
pensando: “Não tinha ‘Wats’ naquela época…”. Não tinha mesmo. Mas tinha anjos. E Ele os mandava em seu lugar?
Aliás, Marta disse: “…se tu estivesses aqui…” (Jo 11.21).
Ora, a vida é cada dia mais corrida. Receber pessoas em casa pode ser um dom (Rm 12.13; Hb 13.2; 1Pe 4.9).
Claro que exige cautela! Mas é até incômodo para muitos. Contudo, nada demonstra maior amor, respeito e
interesse, do que ir visitar e ser presente para aquela pessoa.
Vá pessoalmente fazer uma visita. “WatsApp” não é visita. Mensagens enviadas podem não ser bem a
conversa que o outro precise naquela hora. Vá. Leve bolo, café… Leve um vasinho de suculenta ou um cacto que
custe R$ 1,99, por exemplo. Dê abraço, aperto de mão. Memes são legais, mas você ali, rindo, contando historinhas
sem graça, pode ser muito mais divertido.
Mandar um ‘zap’ seria como antigamente escrever uma carta digitada à pessoa que você gosta e dizer-se
todo apaixonado. A pessoa poderia até não dizer, mas pensaria: “É, mas por que, então, digitou ao invés de escrever
à mão?”
Dê o que você tem, isto é, não coisas, mas você. Ao chegar à casa, a pessoa entenderá que você se privou
de um tempo, se programou, deixou de fazer algo importante, só para estar ali com ela.
Provavelmente você não ressuscitará, nem curará alguém – pelo menos não do jeito que gostaríamos.
Contudo, esteve lá, junto, mesmo que sem palavra. E isso é importante. Estar lá tem dimensões que nem sempre
são vistas. Acredite, você é mais valioso do que um iPhone 16 Pro Max. A presença do outro é capaz de coisas mais
poderosas do que um codificador de algoritmos.
Afinal, às vezes, mandar uma mensagem àquele que te quer presente é o mesmo que acreditar na Alexa. Ela
pode até te dizer: “Eu te amo!” Mas…
Eliandro Cordeiro
Maringá, 22 de ago. 2025.
Eu: “Jesus, pfv, fl cmg?
Jesus: “kkk”