
E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírio do campo: eles não trabalham, nem fiam. Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homem de pequena fé? (Mt.6.28-30).
Sentado num dos bancos de uma loja de pneus, peguei-me desesperado. Sentado, de onde eu estava podia avistar cenas que me lembravam ao “Lata-velha”. Levei o carro para trocar os pneus e ele precisava de um cuidado bem maior do que pneus novos.
Pelos meus cálculos, apertando aqui e ali, conseguiria pagar pelos pneus e amortecedores. Mas o “rapaz” (carro) rodava na força! Eu não tinha para onde correr. “Faz o serviço”, falei. Temia ouvir o valor. Mas sobrevivi.
Sentado, quase chorando, orava a Deus. Eu lutava contra o coração que duvidava. A mente de mãos dadas com o coração sondavam todas as fontes de possíveis recursos. No fim, o meu último recurso era a chantagem. Considerava toda a minha bondade e fidelidade como não merecedoras de tamanho descaso divino! Contrapartida, eu era lembrado de todas as minhas fraquezas e da fidelidade do Senhor para comigo. Nada me faltou- foi a conclusão! Vergonha e orgulho duelavam.
Próximo à loja de pneus havia um mercado. A fim de passar o tempo dei um pulinho lá. Alarmado pelo preço das coisas, resolvi ver “plantinhas”. Fui ver as suculentas. Bichinhas complicadas de cuidar, né? Nem muita nem pouca água, recomendam os entendidos. “Sol somente o suficiente”, ensina o engenheiro agrônomo, Gaspar Yamasaki.
Olhando as plantinhas do mercado o meu coração é invadido pela voz: “Considerai como crescem os lírios…”. Não sei se tive mais alegria ou vergonha por me lembrar só ali desta voz Eterna. Na loja o coração só buscava olhar para as minhas necessidades; só ouvia os ecos da mente pouco mobiliada com Palavras da Verdade. O grito da dúvida corria livre, linha direta mente-coração. Assumi como se tudo dependesse realmente de mim mesmo (Jo.15.5).
Ora, se toda Verdade vem de Deus, eu seria prudente se me valesse de algo capaz de eternizar as Palavras do Senhor todas as vezes em que duvido de seus cuidados. Há um tempo convivendo com a Psicologia, recorri à Teoria Cognitivo-comportamental. Pretendo tornar em hábito, reforçar no coração essas Palavras do Senhor. Tish Warren diz que “hábitos moldam desejos”. Então, porque não podem me ajudar nestes momentos de dúvidas, levando-me a guardar ainda mais a Palavra do Senhor no coração?
Tornei a loja de pneus e o mercado em meu setting terapêutico. Peguei um vasinho de suculenta e levei para casa. Ao chegar em casa, replantei-a, reguei. Não sei mais quantas vezes já a visitei desde ontem. Provavelmente suas raízes estão crescendo sob a pouca terra do vaso, seu caule e folhas buscam se adaptar ao novo ambiente onde agora está.
A técnica de cultivar a plantinha todos os dias fortalecerá, penso eu, as palavras do Senhor em meu coração. Preciso tê-la sempre ao meu alcance: “[…] como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam […] Deus veste assim a erva do campo […] quanto mais a vós.”
Hoje acordei em paz. Fui mexer na suculenta e percebi que, por mais que eu cuide dela, não está em mim fazê-la crescer (Mt.6.27,29). Ora, quantas suculentinhas existem em seus ambientes naturais, no deserto do Chile, Península Arábica etc, e ninguém rega? Quem está lá para ver como elas são bonitinhas? Nem eu nem você. Mas não é por serem belas que as tiramos de seu habitat natural e as plantamos em vasos?
Professo Eliandro Cordeiro Maringá, junho de 2022
¹ Programa de auditório brasileiro, exibido pela TV Globo, apresentado por Luciano Huck. Neste quadro do programa, reformava-se carros, motocicletas etc. ² Liturgia do Ordinário é um pequeno livro desta autora. Neste, ela explora a existência da liturgia também fora do templo. É possível encontrarmo-nos com Deus no ordinário; até mesmo nas “coisinhas chatas da vida”.
” Hoje acordei em paz. Fui mexer na suculenta e percebi que, por mais que eu cuide dela, não está em mim fazê-la crescer (Mt.6.27,29). Ora, quantas suculentinhas existem em seus ambientes naturais, no deserto do Chile, Península Arábica etc, e ninguém rega? Quem está lá para ver como elas são bonitinhas? Nem eu nem você. Mas não é por serem belas que as tiramos de seu habitat natural e as plantamos em vasos.”
Com base nesse comentário penso eu que se estou no lugar certo ou seja onde o Mestre quer que esteja vou ser igual o Lirios do Campo ; Vou ser cuidado diretamente pelo mestre e ele que me fez conhece toda a minha estrutura a palavra não chegou em minha boca e ele já sabebe o que vou falar. e também relata em sua lei que todas as minhas necessidade seria cumprida então a unica preocupação e estar no centro da contade de Deus.